Quais as vantagens do Brasil receber a Copa do Mundo?
* Esta postagem reflete a segunda parte da entrevista que dei a Fernando Caulyt, da redação brasileira do Deutsche Welle
A convergência e a coalizão de interesses em prol da Copa no Brasil, em grande medida, definiram-se a partir do endosso governamental.
Alguns falam num acordo entre Blatter e Lula, acordo que envolveria ainda Havelange e Teixeira. Acordo óbvio que houve, e a prova disso são as garantias governamentais dadas pelo governo brasileiro e caderno de encargos.
As negociações para este acordo, no entanto, foram longas...
Talvez fosse mais correto falar em barganha, com intermináveis exigências apresentadas pelos donos da Copa. Desde que a CONMEBOL, em 2003, anunciou Argentina, Brasil e Colômbia como candidatas, passando pela não oficialização da candidatura destes dois países e anuncio do Brasil como único candidato em 2006, até a confirmação pela FIFA de que seríamos mesmo a sede da Copa, o que ocorreu em 2007, parecem ter havido várias conversações.
O pivô das polêmicas sempre foi a participação do fundo público no financiamento da festa, em especial, das obras de infraestrutura para receber os torcedores e da construção de estádios que atendessem o chamado padrão FIFA.
O fato é que a Copa do Mundo de Futebol, isto é, a Copa da FIFA, como espetáculo global, foi transformada numa espécie de commodities, um tipo especial de mercadoria cultural que possui cotação e negociabilidade global. Assim, a singularidade e particularidade da Copa, identificada aqui como commodities, garante a sua proprietária, a FIFA, o poder monopolista e vantagem de negociação com os Estados nacionais quando da definição e contratação da sede.
E o Brasil resolveu pagar caro!
Em grandes números, serão investidos R$ 33 bilhões em infraestrutura.
Na visão governista, a Copa pode se constituir como um catalisador de obras e investimentos, dinamizando a economia e fortalecendo a posição do país no mercado mundial.
Acredita-se que a a Copa deverá agregar R$ 183 bilhões ao PIB brasileiro até 2019. Além do impulso ao desenvolvimento nacional e economias locais, há a crença de que as inovações a partir da Copa tenham ainda o potencial de fixarem uma imagem urbana física e socialmente atraente para as doze subsedes, a imagem de cidades adaptadas à finalidade competitiva, aptas a receberem novos fluxos de investimentos e especulação, de produção e consumo, enfim, cidades ajustadas às atuais formas e caminhos de acumulação.
O governo, portanto, não vem economizando na preparação do país para receber a Copa. Garante as grandes obras de infraestrutura, opera na concessão de crédito aos grupos empresariais envolvidos com a preparação da festa, o que envolve a construção das arenas esportivas, expansão da rede hoteleira e serviços turísticos, incremento em tecnologias de informação e telecomunicações etc.
A despeito dos legados prometidos, que envolvem a transformação
das cidades sede, a inserção social, a educação e o esporte, o que embala mesmo a organização da Copa no Brasil, menos que
necessidades sociais, são os interesses pró-mercado voltados à dinamização da
economia.
Por sua vez, quem parece mais ganhar é o par FIFA-CBF.
Para se ter uma idéia, os números da Copa de 2010 mostram que em 27 dias dias de competição, com audiência diária de 118 milhões de telespectadores e público médio por jogo de 49 mil torcedores, rendeu US$ 3,65 bilhões aos cofres da FIFA. Para a África do Sul, sem contar os estádios fantasmas, ficou um prejuízo de US$ 1,1 bilhão.
Agora quando digo que quem ganha com a Copa é a FIFA e a CBF, estou dizendo também que quem ganha é a cartolagem do futebol.
Leiam o livro Jogo Sujo de Andrew Jennings ou visitem seu blog que logo terão uma idéia do que ocorre nos bastidores da FIFA.
Quanto à CBF, acobertada pelo poder político-simbólico que detém, a dona da bola opera a economia do futebol nacional como uma verdadeira "caixa preta". Em 2001 tivemos a CPI CBF-Nike cujo relatório, mesmo que rejeitado pela bancada da bola, já sinalizava para os casos de propina que vieram mais tarde a derrubar Havelange e Teixeira. Agora é a vez de Marin... por iniciativa do Deputado Romário foi pedida uma uma CPI para investigar os as contas da CBF, em especial, o contrato com a TAM. Em outros termos, caso não seja barrada, agora é vez da CPI CBF-TAM.
Isto para dizer que o simbolismo de uma Copa no Brasil - Yes, We Cão! - talvez não valha a pena. O governo aposta também no ganho objetivo, o impulso ao desenvolvimento. Se o país ganhará, não sei ao certo. Com certeza, já está perdendo a população pobre cujos direitos de moradia e trabalho vêm sendo violados, conforme revela o dossiê dos Comitês Populares da Copa.
Quem ganha então?
Além, é claro, das entidades de administração do futebol, a cartolagem e cia, ganham também os setores empresariais ligados à construção civil, ao empreendimentos imobiliários, aos servicos de turismo e hotelaria, às coorporações da mídia, às tecnologias de informação e comunicação etc.
Em resumo...
o custo é público, para todos...
as vantagens, ao que tudo indica, para poucos.
Por sua vez, quem parece mais ganhar é o par FIFA-CBF.
Para se ter uma idéia, os números da Copa de 2010 mostram que em 27 dias dias de competição, com audiência diária de 118 milhões de telespectadores e público médio por jogo de 49 mil torcedores, rendeu US$ 3,65 bilhões aos cofres da FIFA. Para a África do Sul, sem contar os estádios fantasmas, ficou um prejuízo de US$ 1,1 bilhão.
Agora quando digo que quem ganha com a Copa é a FIFA e a CBF, estou dizendo também que quem ganha é a cartolagem do futebol.
Leiam o livro Jogo Sujo de Andrew Jennings ou visitem seu blog que logo terão uma idéia do que ocorre nos bastidores da FIFA.
Quanto à CBF, acobertada pelo poder político-simbólico que detém, a dona da bola opera a economia do futebol nacional como uma verdadeira "caixa preta". Em 2001 tivemos a CPI CBF-Nike cujo relatório, mesmo que rejeitado pela bancada da bola, já sinalizava para os casos de propina que vieram mais tarde a derrubar Havelange e Teixeira. Agora é a vez de Marin... por iniciativa do Deputado Romário foi pedida uma uma CPI para investigar os as contas da CBF, em especial, o contrato com a TAM. Em outros termos, caso não seja barrada, agora é vez da CPI CBF-TAM.
Isto para dizer que o simbolismo de uma Copa no Brasil - Yes, We Cão! - talvez não valha a pena. O governo aposta também no ganho objetivo, o impulso ao desenvolvimento. Se o país ganhará, não sei ao certo. Com certeza, já está perdendo a população pobre cujos direitos de moradia e trabalho vêm sendo violados, conforme revela o dossiê dos Comitês Populares da Copa.
Quem ganha então?
Além, é claro, das entidades de administração do futebol, a cartolagem e cia, ganham também os setores empresariais ligados à construção civil, ao empreendimentos imobiliários, aos servicos de turismo e hotelaria, às coorporações da mídia, às tecnologias de informação e comunicação etc.
Em resumo...
o custo é público, para todos...
as vantagens, ao que tudo indica, para poucos.
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