Este é um post de divulgação que escrevo para compartilhar a recente publicação de um artigo do qual sou co-autor, juntamente com Pedro Athayde, Wagner Matias e Natália Miranda.
Trata-se do resultado de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UnB pela qual buscamos mapear os temas e termos do debate que envolveu a candidatura carioca a sede dos Jogos Olímpicos, além identificar as tendências da política esportiva brasileira e discutir a relação público-privado no contexto de organização dos Jogos, apontando os desafios para a agenda de pesquisas sobre megaeventos esportivos.
A pesquisa foi construída a partir de um levantamento documental combinando fontes institucionais e mídia impressa: Ministério do Esporte, COI, COB, Dossiê de Candidatura e jornal Folha de S. Paulo. Já o tratamento e a interpretação dos dados, informações e registros foram organizados à luz dos temas mais frequentes, quais sejam: política esportiva, Jogos Pan-Americanos de 2007, Rio cidade candidata, Projeto Rio 2016, financiamento.
O que ficou claro para nós é que o projeto Rio 2016 está articulado com o projeto mais geral de desenvolvimento nacional. Isto quer dizer que o modelo econômico em curso e a política externa de reposicionamento do país na geopolítica mundial constituem aspectos fundantes da candidatura olímpica carioca.
Neste contexto de "desenvolvimentismo" não é de se estranhar uma política esportiva cujo objetivo passa pela projeção do país à condição de potência olímpica, revitalizando, assim, os discursos de massificação do esporte por meio da escola. E para posicionar o país entre os dez mais no ranking olímpico, programas e ações governamentais de esporte escolar estão sendo combinados a uma estratégia de diversificação dos investimentos em direção a esportes com maior distribuição de medalhas, outra tendência anunciada.
Sobre os investimentos e financiamento, embora predominem a crítica e as denúncias envolvendo a gestão do esporte olímpico brasileiro, foi o Estado que avalizou a iniciativa do COB, responsabilizando-se pela maior parte dos custos de organização dos Jogos. No entanto, ainda que o financiamento seja público, quem vai lucrar com sua realização não é a população em geral, isto é certo.
Por isso os estudos e pesquisas sobre os interesses que perpassam os Jogos Rio 2016 são necessários. Em tempos de megaeventos, será preciso um grande esforço da comunidade acadêmica no sentido da compreensão e problematização dos projetos hegemônicos que se articulam a partir do esporte e, também, para o esporte.
Outros temas que orientaram a discussão sistematizada pelo artigo, embora recorrentes nos documentos, não foram devidamente aprofundados, mas também merecem nossa atenção, quais sejam:
Trata-se do resultado de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UnB pela qual buscamos mapear os temas e termos do debate que envolveu a candidatura carioca a sede dos Jogos Olímpicos, além identificar as tendências da política esportiva brasileira e discutir a relação público-privado no contexto de organização dos Jogos, apontando os desafios para a agenda de pesquisas sobre megaeventos esportivos.
A pesquisa foi construída a partir de um levantamento documental combinando fontes institucionais e mídia impressa: Ministério do Esporte, COI, COB, Dossiê de Candidatura e jornal Folha de S. Paulo. Já o tratamento e a interpretação dos dados, informações e registros foram organizados à luz dos temas mais frequentes, quais sejam: política esportiva, Jogos Pan-Americanos de 2007, Rio cidade candidata, Projeto Rio 2016, financiamento.
O que ficou claro para nós é que o projeto Rio 2016 está articulado com o projeto mais geral de desenvolvimento nacional. Isto quer dizer que o modelo econômico em curso e a política externa de reposicionamento do país na geopolítica mundial constituem aspectos fundantes da candidatura olímpica carioca.
Neste contexto de "desenvolvimentismo" não é de se estranhar uma política esportiva cujo objetivo passa pela projeção do país à condição de potência olímpica, revitalizando, assim, os discursos de massificação do esporte por meio da escola. E para posicionar o país entre os dez mais no ranking olímpico, programas e ações governamentais de esporte escolar estão sendo combinados a uma estratégia de diversificação dos investimentos em direção a esportes com maior distribuição de medalhas, outra tendência anunciada.
Sobre os investimentos e financiamento, embora predominem a crítica e as denúncias envolvendo a gestão do esporte olímpico brasileiro, foi o Estado que avalizou a iniciativa do COB, responsabilizando-se pela maior parte dos custos de organização dos Jogos. No entanto, ainda que o financiamento seja público, quem vai lucrar com sua realização não é a população em geral, isto é certo.
Por isso os estudos e pesquisas sobre os interesses que perpassam os Jogos Rio 2016 são necessários. Em tempos de megaeventos, será preciso um grande esforço da comunidade acadêmica no sentido da compreensão e problematização dos projetos hegemônicos que se articulam a partir do esporte e, também, para o esporte.
Outros temas que orientaram a discussão sistematizada pelo artigo, embora recorrentes nos documentos, não foram devidamente aprofundados, mas também merecem nossa atenção, quais sejam:
- O cenário de concorrência interurbana fazendo da cidade uma espécie de empresa que concorre no mercado com outras cidades empresa;
- A opinião pública favorável à realização dos Jogos, o que reflete o investimento simbólico para legitimação do projeto;
- A história do Movimento Olímpico contada sob a lógica do entretenimento, com destaque para os heróis e seus feitos, os fatos marcantes e curiosidades;
- O delicado tema da segurança pública, o que envolve a ação militar e as políticas focalizadas voltadas à pacificação das favelas e manejo social do risco imposto ao projeto;
- Os enormes investimentos em infraestrutura realizados, com seus impactos para o planejamento territorial urbano e favorecimento às grandes empreiteiras;
- As medidas de exceção para garantia do poder monopolista exercido pelo COI sobre os negócios envolvendo a marcas produtos e imagem dos Jogos;
- O incremento do turismo e a construção da imagem do Rio como cidade global, boa para viver, visitar e, principalmente, consumir.
Como o tempo da produção e do periodismo científicos não conseguem acompanhar, sob o ponto de vista da história, o movimento mais imediato do real, a publicação dos resultados desta pesquisa encontra seus interlocutores já em atraso, considerando o momento em que nos encontramos de preparação do país para a realização dos Jogos.
De todo modo, para a definição de nossa agenda interna, a agenda de pesquisas do Avante-UnB, esta primeira aproximação à temática dos megaeventos foi fundamental para os estudos que atualmente desenvolvemos e que logo terão seus resultados igualmente divulgados.
O artigo na íntegra, com o título O AGENDAMENTO DOS JOGOS RIO 2016: TEMAS E TERMOS PARA DEBATE, pode ser acessado na revista Pensar a Prática.
Espero que se interessem e que a discussão nele contida possa se fazer relevante para o debate.
Boa leitura!