segunda-feira, 18 de março de 2013

O bloco olímpico



Este é um post de divulgação que escrevo para compartilhar a recente publicação de um artigo do qual sou co-autor, juntamente com Pedro Athayde, Mariângela Ribeiro dos Santos e Natália Miranda.

Trata-se do resultado de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Avante-UnB pela qual buscamos identificar agentes e avaliar os interesses que perpassaram a candidatura do Rio de Janeiro à cidade sede dos Jogos de 2016.

A pesquisa foi construída a partir de um levantamento documental combinando fontes institucionais e mídia impressa – Ministério do Esporte, COI, COB, Dossiê de Candidatura e jornal Folha de S. Paulo. Já o tratamento e a interpretação dos dados, informações e registros foram organizados à luz da relacional Estado, organização esportiva e mercado, o que permitiu a caracterização do bloco olímpico, ou seja, do bloco de poder inerente aos Jogos.

Na teoria do Estado, a noção de bloco de poder, desenvolvida pelo filósofo e sociólogo grego Nicos Poulantzas, permite identificar o favorecimento dos interesses socioeconômicos de uma ou mais frações da classe dominante em detrimento de outras frações, considerando tanto sua ação política como a posição particular que ocupa no processo de produção num momento e situação determinados.

O Estado figura, assim, como agente organizador da hegemonia de dadas frações de classe no seio do bloco de poder. No modelo desenvolvimentista do governo Lula, coube ao Estado apoiar as grandes empresas nacionais no sentido de lhes conferir competitividade no mercado mundial. A aliança com a grande burguesia e o fortalecimento do capital nacional privado constitui, portanto, um dos traços definidores do bloco de poder e modelo de desenvolvimento conduzido e organizado pelo governo de Lula.

Neste sentido, com base na pesquisa realizada, pudemos perceber que, além de ter reforçado a condição de Lula como condottiere e mito, o projeto olímpico carioca se articulou ao projeto de governo, ao modelo de desenvolvimento e à política externa de reposicionamento do país na geopolítica mundial.

A candidatura Rio 2016 ancorou-se, por um lado, numa política conservadora de aproximação e subordinação do Estado brasileiro às entidades proprietárias dos Jogos, COI e COB, e, por outro, num projeto empreendedor orientado para o mercado que têm mobilizado variados setores de atuação empresarial, revelando as parcerias e frações da burguesia a serem privilegiadas.

Para mais detalhes, o artigo na íntegra, com o título O BLOCO OLÍMPICO: ESTADO, ORGANIZAÇÃO ESPORTIVA E MERCADO NA CONFIGURAÇÃO DA AGENDA RIO 2016, foi publicado na Revista da Associação Latino-americana de Estudos Sócio-culturais do Esporte - ALESDE.

Espero que se interessem pelo artigo e que este possa se fazer relevante para o debate. 

Boa leitura!

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