segunda-feira, 19 de maio de 2014

Presidente da fiel


Faz um bom tempo que não publico nenhum post... e o blog anda meio paradão, resultado do fim de minha licença para o pós-doutorado - que terminou em março - e o retorno, a toda carga, às minhas atividades na Faculdade de Educação Física da UnB.

Bom, decidi retomar as postagens, mas num ritmo ainda difícil de prever, de início, conforme tiver algum material e texto que mereça divulgação, mesmo que não tenha sido escrito especificamente para o blog.

Para começar, tendo em vista a inauguração do Itaquerão, aproveito para dar publicidade a um artigo recentemente publicado do qual sou co-autor, escrito em parceria com Silvio Ricardo da Silva, do Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas - GEFuT, e Mariângela Ribeiro dos Santos, também pesquisadora do Avante.

Trata-se do resultado de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UnB que problematiza as mediações do lulismo com o futebol, sustentando que a modalidade esteve fortemente associada ao simbolismo popular e poder carismático de Lula.

Buscamos analisar como o futebol esteve inserido nos discursos do presidente. Como resultado, identificamos três matrizes discursivas: a metafórica, pela qual a linguagem do futebol é usada como recurso identificatório e de projeção; a corintiana, na qual prevalece o discurso torcedor e opinativo; a pragmática, que acompanha a agenda modernizante para a realização da Copa do Mundo FIFA 2014.

O lulismo é um fenômeno recente e seu sentido histórico não se fixou completamente. Cheio de ambiguidade e contradição, combinou mudança e conservação, superação e reprodução, esperança e decepção, tudo num mesmo movimento.

O governo de Lula e do PT não trouxe novidades e passou longe de qualquer reforma anticapitalista. Ao contrário, promoveu um pacto conservador e governou ao lado dos ricos e poderosos. Mas é verdade também que, do ponto de vista material e econômico, teve empenho redistributivo, o que, ao lado do simbolismo popular e poder carismático de Lula, garantiu a simpatia e adesão dos pobres e muito pobres.

Intentamos explorar a dimensão simbólica do lulismo, particularmente, suas mediações com o futebol. Sim, a presença do futebol no discurso de Lula foi marcante, algo que reflete sua formação cultural.

Nunca nenhum presidente havia falado tanto de futebol, até porque, diferentemente dos antecessores, ele dominava seus códigos. Lula usou e abusou de sua linguagem para se comunicar, cultivando o sentimento do popular, do nacional e do moderno. Foi com estes sentidos que se pronunciou através do futebol e sobre o futebol.

Em termos gramscinianos, Lula comandou um imenso avanço orgânico do consentimento, além do carisma pop e da cultura anticrítica... e o seu “futebolês” ajudou.

Para mais detalhes, o artigo na íntegra, com o título LULISMO E FUTEBOL: OS DISCURSOS DE UM TORCEDOR PRESIDENTE, foi publicado na revista Movimento, periódico da Escola de Educação Física da UFRGS.

Espero que se interessem pelo artigo e que este possa se fazer relevante para o debate.

Boa leitura!

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